21 abril 2010

Enfim, carros modernos

Projeções divulgadas no recente Fórum da Indústria Automobilística, organizado em São Paulo pela empresa de comunicação Automotive Business, apontam que o Brasil vai comercializar perto de 5 milhões de veículos em 2016, sendo 4,5 milhões de automóveis e comerciais leves. Representa um salto de 50% sobre o volume de 2009. O panorama quanto a novos produtos até lá mudará para melhor, possivelmente bem melhor. A partir de 1º de janeiro de 2014, por exemplo, todos os modelos leves (inclusive picapes e utilitários) à venda no mercado interno, nacionais ou importados, deverão estar equipados de série com dois airbags frontais e freios antibloqueio (ABS). Graças à escala de produção próxima também a 5 milhões, os dois recursos de segurança (passiva e ativa, respectivamente) devem encarecer os carros em menos de R$ 1.000, cerca de metade do preço promocional atualmente oferecido por alguns fabricantes.

Segundo Paulo Cardamone, da consultoria CSM, a participação de carros importados em 2016 estacionará em 21% do total comercializado, pouco além dos 18% atuais, e abaixo do recorde de 23% registrado em 1998. Isso vai ocorrer porque novas marcas passarão a ser fabricadas ou montadas no país.
Luís Curi, presidente da chinesa Chery, confirmou durante o fórum que ainda neste semestre anunciará o local onde a fábrica será erguida, prevista para produzir em 2013. Ele admitiu o início apenas com montagem, mas aumentará o conteúdo local aos poucos. O projeto inclui um centro de desenvolvimento e a oferta de três motores flex para os modelos importados. Um compacto especificamente projetado para as nossas condições, não tão diferentes da China, será o primeiro modelo brasileiro. Curi prevê que pelo menos mais uma marca chinesa produzirá aqui.
Entre 2002 e 2008, houve 163 lançamentos e reestilizações no mercado brasileiro. Esperam-se 259 novidades de 2009 a 2015, o que já dá uma ideia de superação dos tempos bicudos, quando cores e calotas marcaram várias mudanças de ano-modelo. De acordo com estudo da CSM, o aumento da competição faria a participação das quatro marcas veteranas (Chevrolet, Fiat, Ford e Volkswagen) encolher de 77% em 2009 para 64% em 2015. Renault-Nissan e Peugeot-Citroën ficariam com 15%. Toyota, Honda, Mitsubishi, Hyundai, Chery e outras asiáticas alcançariam 21%.
Igualmente se prevê a consolidação do número de arquiteturas, diminuindo-as de 77 para 58 em toda a América do Sul. Significa que mais modelos de diferentes segmentos e estilos compartilharão a mesma plataforma básica – tendência mundial. Isso permitirá dobrar a escala de produção por arquitetura, redução de custos e inclusão de novas tecnologias, sem que o aumento de preço ao consumidor final inviabilize o processo de modernização, ainda devido por empresas que há décadas atuam no Brasil.
Esse cenário positivo, no entanto, exige contrapartida de revisão da carga tributária, reformas econômicas, melhora da infraestrutura e desburocratização, só para citar algumas responsabilidades de governos e legisladores. Sem tudo isso em harmonia não se conseguirá uma indústria local realmente pronta para competir dentro e fora do país.



Roda viva

CARLOS Ghosn, líder da aliança Renault-Nissan, colocou a cidade de São Paulo no roteiro de carros elétricos. Executivo internacional mais engajado nessa estratégia faz previsão ousada: 10% do mercado mundial em 2020 (cerca de 10 milhões de unidades, partindo de 10 mil elétricos em 2009). Haverá verba suficiente dos governos para subsídio às vendas? Difícil.

DEFASAGEM de apenas nove meses em relação à reestilização do Logan europeu comprova que a Renault reage agora com rapidez. Além da frente modernizada e retoques na traseira, melhorou o isolamento acústico e revestimento dos bancos, mas sem alterações mecânicas e de preço (R$ 28.700). Por pouco não saiu antes do Chevrolet Classic.

ESTILO arrojado, pormenores de bom impacto visual como arcos laterais que podem ter cores diferentes, teto com duas suaves ondulações estendidas ao vidro traseiro (inédito) e um surpreendente motor a gasolina de 1,6 litro turbo de nada menos 200 cv/28 kgfm marcam o Peugeot RCZ. Esse cupê 2+2 pretende ocupar 12% de um mercado de 150 mil unidades/ano na Europa.

PREVISTO para chegar ao Brasil no final do ano, por preço cerca de 20% abaixo de um Audi TT, o RCZ tem comportamento dinâmico impressionante, sonoridade do motor (origem BMW) afinadíssima e conquista quem dirige. Somente a versão mais potente possui volante de direção de menor diâmetro e alavanca de câmbio mais curta, dentro do espírito do modelo.

QUINTO Salão do Carro e Acessório, em São Paulo, se consolidou como evento de peso. Em apenas cinco dias (17 a 21 de abril) atraiu perto de 100 mil visitantes graças à boa divulgação e a um impulsionador do nível de Emerson Fittipaldi com seu reconhecido magnetismo. Novidades abrangem pneus, sistemas de som/vídeo integrados, luzes de LED e protetores de caçamba.
Fernando Calmon é engenheiro e jornalista especializado desde 1967. Foi diretor de Redação da revista "Auto Esporte" (1976 a 1982 e 1990 a 1996) e editor de Automóveis de "O Cruzeiro" (1970 a 1975) e "Manchete" (1984 a 1990). Produziu e apresentou os programas "Grand Prix", na TV Tupi (1967 a 1980), e "Primeira Fila" (1985 a 1994), em cinco redes de TV. Exerce consultoria em assuntos técnicos e de mercado nas áreas automobilística e de comunicação. É ainda correspondente para a América do Sul do site "just-auto", da Inglaterra.

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